Em tempos de globalização, conseguimos observar tudo o que foi preconizado pelos pensadores de Frankfurt, por Marshall McLuhan, por Guy Debord e outros teóricos sobre temas como indústria cultural, aldeia global, a espetacularização da notícia e da sociedade. Na era da convergência digital, a rede social tem a sua função potencializada. O trabalho de apuração jornalística, apesar de entender que as grandes pautas estão nas ruas, acaba utilizando a internet como ferramenta de trabalho, portanto seria tolice negar a sua importância.
Nas últimas semanas, acompanhamos o vídeo que mostrava a atuação de um policial militar nas ruas de São Paulo que, ao perceber um assalto em andamento, saiu do veículo em que estava e feriu o assaltante no momento em que este praticava o delito. As imagens, que foram colocadas em um site de compartilhamento de vídeos, ganharam notoriedade instantânea e pautaram os telejornais do país que reproduziram exaustivamente o conteúdo. Como de costume, especialistas em segurança pública, entre outros especialistas, expuseram as suas análises. Muitos disseram que o policial agiu corretamente e usaram a velha máxima deixada por um ex-delegado – “Bandido bom é bandido morto.” Ideia que foi defendida por muitos debatedores nas mesas das rádios e nas conversas do dia a dia que costumam ser agendadas pela grande imprensa.
A indignação contra os manifestantes que quebram os caixas eletrônicos das instituições financeiras, assim como vidraças de grandes conglomerados que simbolizam o capitalismo, é total. Mas, quando um policial abate o assaltante é exaltado. A vida vale menos que uma vidraça. É como se o Estado não ajudasse a produzir esse tipo comportamento, ou como se o capitalismo não fomentasse as diferenças sociais. As medidas tomadas são sempre paliativas. Aliás, esse é um momento em que o mundo parece estar de pernas para o ar. Alguns artistas, que foram exilados durante a ditadura militar, resolveram censurar os autores de biografias e passaram a agir como censores. Como se não pudessem recorrer à justiça, reclamam da mídia por não dar espaço para as suas reivindicações e fingem ignorar a relação retroalimentar existente.
As coberturas jornalísticas feitas pela televisão são semelhantes à transmissão de uma partida de futebol. Permeadas de comentaristas do óbvio, até o formato pode fazer um telespectador mais desatento se confundir. Assim como as transmissões esportivas, os eventos jornalísticos contam com especialistas e câmeras exclusivas posicionadas em ângulos especiais. A grande mídia cumpre com exatidão a sua função de informar sem se aprofundar. A urgência por novas notícias faz com que as fontes fiquem pasteurizadas, tudo se desmancha com muita rapidez, transmitindo a sensação de que a imprensa não tem mais tempo ou paciência para grandes análises ou apurações.
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