Os comentaristas esportivos a cada dia se transformam em meros reprodutores de opinião, aparentemente os programas de esportes não se importam em gerar massa critica para que a notícia seja debatida e essa informação iria servir como contribuição para o engrandecimento do espetáculo, e assim o jornalismo cumpriria uma de suas funções primordiais a prestação de serviço. Os fatos acabam sendo noticiados de uma maneira descontextualizada, como se não existisse qualquer tipo de ligação entre os fenômenos.
A polêmica gira em torno da chegada dos jogadores estrangeiros que estão em final de carreira, com idade avançada para os padrões do futebol e sem mercado na Europa, isso tudo somado a vinda dos jogadores brasileiros repatriados que também estão em final de carreira, em idade igualmente avançada. O crescimento do número de jogadores com essas características, ocupando lugar de destaque nos clubes brasileiros, tem deixado a imprensa especializada preocupada com a geração de atletas entre 25 e 26 anos que atuam no futebol brasileiro. O noticiário esportivo parece passar longe dos fatores determinantes para o devido esclarecimento de algumas questões. Além de uma economia estável, o que proporcionou o Brasil a chance de sediar dois dos maiores eventos relacionados ao esporte nos próximos anos. Atraindo a capitação de investimentos e o interesse da mídia mundial esportiva.
O que tem deixado os comentaristas de futebol com pruridos é a mudança de postura, afinal de contas um país que sempre exportou seus jogadores, agora está importando e repatriando jogadores que teoricamente estão no final de seus ciclos esportivos. Existe um consenso entre os especialistas que não enxergam problemas nos jogadores mais velhos continuarem em atividade, a questão reside no fato dos jogadores mais jovens não terem o mesmo destaque ou não apresentarem condições de disputar em nível de igualdade o lugar de protagonistas em seus clubes, o trabalho feito na categoria de base está sendo seriamente questionado.
Nos dias de hoje as futuras promessas são aliciadas ainda nas categorias de base. Os clubes europeus e os empresários credenciados pela FIFA, usam diversas armas para seduzir a família do atleta com intuito de conseguir exclusividade numa possível transferência, essa é uma situação é assegurada pela Lei Pelé, que acabou rompendo com o monopólio dos clubes formadores de atletas. Propiciando ao jogador mais liberdade na hora de negociar e aniquilando qualquer vínculo afetivo que possa existir nessa relação, o que não deveria causar qualquer tipo de espanto, pois vivemos em uma era pós-moderna, das relações fluídas e desvinculadas. Esse discurso romântico está ultrapassado, os clubes europeus que não tem tempo a perder com essa história chegam com seu grande poder aquisitivo abrem os seus cofres e levam os craques ainda no nascedouro, se valem da debilidade social de um país permeado por uma série contrastes.
Não podemos apenas responsabilizar apenas a ação predatória dos clubes europeus. É necessário também analisarmos a conduta dos dirigentes brasileiros, questionarmos as decisões daqueles que comandam os rumos do esporte no país, pois infelizmente a renovação de dirigentes não é tão veloz, quanto à de jogadores. Os escândalos que envolvem o ex-presidente da CBF, a situação financeira dos clubes, a política esportiva e todos os outros fatores que levam a essa situação devem ser analisados, pois seus desdobramentos atingem em cheio o futebol brasileiro. A administração do futebol tornou-se taciturna e sombria, sendo possível ganhar “rios” de dinheiro com o esporte, os clubes tornaram-se grandes feudos administrados de forma arcaica e ultrapassada por dirigentes que visam somente seus interesses políticos e econômicos. Os tempos atuais não permitem mais que um clube de futebol seja administrado de forma provinciana e amadora. A imprensa esportiva fica preocupada com os modelos táticos europeus, esquecendo-se da identidade do futebol nacional, teima em ver fantasmas onde não existem.
Se for para engrandecer o espetáculo que venham os jogadores com mais idade que eles consigam orientar os mais novos ajudar na formação de uma geração talentosa, ainda por cima derrubar qualquer tipo de preconceito que exista em relação ao profissional de idade mais avançada.
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