Na última quarta-feira Santos e Corinthians
fizeram o primeiro jogo da semifinal pela Copa Libertadores da América. Jogo
era de extrema importância para ambas às equipes, o jovem time do Santos busca
seu quarto título na competição tem a pretensão de ser o time brasileiro com o
maior número de conquistas do torneio. Para o Corinthians esse é o único troféu
que falta em sua galeria o título se tornou uma obsessão para torcida, que viu
o time ser eliminado de forma precoce, pelo Tolima da Colômbia na
Pré-Libertadores do ano passado.
A partida fora considera uma batalha
épica pela imprensa nos últimos anos Santos e Corinthians revivem a rivalidade
vista nos anos 60, época em que o clube era capitaneado por Pelé, desde 2002
fase em que Robinho e Diego eram as estrelas do “Peixe”, o “Timão” e a “Fiel” sofrem
nos jogos contra o time da baixada santista. Mas, essa disputa seria diferente,
afirmavam os especialistas, pois se tratava do último campeão do Campeonato
Brasileiro contra o último campeão da Copa Libertadores da América.
A disputa nos remete a luta entre
Atenienses e Espartanos de um lado representantes das artes e o outro lado era
representado por soldados, guerreiros combatentes com extremo senso militar e
organização tática. Neymar e Paulo Henrique Ganso eram as esperanças de um jogo
ofensivo que privilegia o ataque à materialização do futebol arte. Já o
Corinthians é adepto do futebol coletivo, solidário que ataca e defende em
bloco, um time de operários, pragmático e monocromático, seus maiores destaques
são os volantes Paulinho e Ralf, jogadores praticamente vendidos ao futebol
europeu. O Corinthians fez uma campanha tão eficiente durante o torneio que o
clube paulista ganhou o direito de decidir os jogos em casa vantagem que só
seria perdida em caso de disputa, com o já eliminado Fluminense do Rio de
Janeiro. A semana que antecedeu o jogo foi cheia de polêmicas e situações
desagradáveis como os fogos lançados pela torcida santista durante o treino da
equipe do Parque São Jorge, no gramado da Vila Belmiro em Santos, outro
incidente ocorrido durante a madrugada em frente ao hotel que o Clube da
capital estava concentrado, além de uma apimentada discussão entre o jogador
Emerson e torcedores santistas na internet.
O
Corinthians decidiu o jogo em um único lance
O Corinthians decidiu o jogo em um
único lance, como sempre o volante Paulinho, foi autor do passe para o bom
atacante Emerson - O Sheik - chutar no ângulo do goleiro Rafael, essa chance
foi única e suficiente para garantir a vitória corintiana. O time santista
ficou impaciente queria buscar resultado a todo custo, Paulo Henrique Ganso foi
escalado de forma precipitada mesmo tendo se recuperado em tempo recorde de uma
artroscopia realizada no joelho direito, notava-se o desconforto do meia que
andava em campo. Durante o jogo o que se viu foi um Santos sem criatividade, o
incensado Neymar dava mostras do seu cansaço, afinal de contas são muitos
contratos publicitários, “baladas” e convocações para amistosos da Seleção
Brasileira demonstram que o craque está esgotado fisicamente, não consegue se
livrar da forte marcação imposta pelos adversários, que aparentemente começam a
vislumbrar uma forma de marcar o jogador.
Se aproveitando do estado letárgico
das estrelas santistas o Corinthians fez o que se esperava, aproveitou a única
chance que teve durante a partida e partiu para retranca. Após o final do jogo,
o volante Paulinho foi entrevistado destacou o esforço do grupo disse que a
vitória fora sofrida, como a cara do torcedor corintiano. Esse discurso é o mais
usado pelos jogadores na era Tite. O volante esquece que coletividade não é
sinônimo de mediocridade, o futebol é realmente um esporte coletivo, mas permite
que a individualidade do bom jogador, do verdadeiro craque sobressaia. Ao longo
da história observamos times que eram considerados excelentes conjuntos, que
apresentavam essa dinâmica. Em 1954 a Seleção da Hungria não foi à campeã do
mundo, mas encantou com o futebol coletivo tendo Puskas como destaque, em 1974
e 1978 a seleção da Holanda, assombrou o mundo com o sistema conhecido como
Carrossel Holandês, o craque daquele time era Johan Cruyff, a Seleção
Brasileira campeã em 1970 com Pelé, dentre outros times. O exemplo mais recente
é o Barcelona da Espanha que nos mostra, o tempo todo que o futebol pode ser
coletivo e bonito, Lionel Messi é o destaque individual desse time.
Frases de efeito
Jogadores e técnicos gostam de frases
de efeito, usam os famosos clichês como uma maneira encobrir as falhas,
minimizar as derrotas e maximizar as vitórias. O torcedor quer ver o seu time
jogando bem e bonito independente de vitórias ou derrotas, pois fazem parte do
esporte, a torcida vai ao estádio para ver arte, assim, como quem vai ao teatro
ou ao cinema. Vivemos a era do bom resultado, do jogo pragmático e do futebol de
negócios. Isso é o reflexo das relações na sociedade capitalista.
A torcida é para que o Santos volte a
praticar o bom futebol dos últimos jogos, que o Neymar esteja mais focado, que
Paulo Henrique Ganso seja escalado em melhores condições de jogo. O Santos pode
até perder, pois no futebol nem sempre o melhor vence, mas que seja praticado o
futebol arte onde é possível ser coletivo, artístico e belo. Que o Corinthians
entenda que ser pragmático eficiente não é o mesmo que ser covarde insosso e
sem graça. Que tenhamos um jogo limpo, onde prevaleça o bom futebol .
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